Era uma manha gelada de um domingo de junho, depois de muito insistir mamãe nos vestiu com roupas quentes e nos deixou ir desde que tomássemos cuidado e não nos demorássemos. Assim, em rumo ao parquinho da esquina fomos nós sozinhas.
A neblina nos impedia de ver o final da rua e para nós, duas menininhas, ela parecia enorme. Eu segurei na mão dela e ela reclamou do tempo frio, eu ri, afinal era meu preferido. Andamos perto do “passeio”, pois ela ainda tinha medo de ficar sozinha e se perder.
Como a rua era gigante! Ela começou a se cansar e eu, impaciente, pedi que ela se apressasse senão eu a deixaria para trás. Amedrontada Cecília correu até mim em poucos segundos. Finalmente conseguimos alcançar o parque, estava cheio de areia branquinha e brinquedos velhos e quebrados, mas naquele momento, para nós duas, isso não importava, era apenas eu, ela e a liberdade.
Eram bons tempos aqueles, sem preocupações, sem brigas, sem escola, sem namorados e sem responsabilidade, sós nós, o mundo e o medo de que o vizinho descobrisse que quem pulava o muro da casa dele para pegar jabuticaba éramos nós.
O ar do vento batendo no rosto, os cabelos curtos e loiros bagunçados, os lábios roxos de frio abertos em um enorme sorriso de dentes pequeninos. É assim que eu me lembro dela, do jeito que ela ficava enquanto eu a balançava. Foi a ultima vez que vi Cecília rir tão empolgada.
Talvez nossa amizade durasse para sempre como nós costumávamos dizer, pelo menos esses eram nossos planos, continuar eternamente com aquela amizade pura e sincera. Não houve a chance de testar, minha pequena e medrosa Cecília não precisou mais do balanço para voar,
4 comentários:
Que texto lindo... Essa é uma historia real?? AMEEI.
e o blog tá fofo
EU AMO TANTO ESSE TEXTO *--*
e muito lindo !
Sim, lindo mesmo.
adorei
Arrasou no texto amiga! *-*
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